enquanto finjo ser normal, olho em volta. entorno. um shopping é o habitat natural dos fúteis. local de encontro de todos os tipos de pessoas. hippies(?), punks(!), góticos, emos, mamães, vovôs, casados, solteiros, crianças, adolescentes. sim. todos de boutique. e fúteis. as pessoas comem "chinese food" no "Mr" Yang. de palitinho. com coca-light. c'est très bizarre.
enquanto finjo gostar, aguardo. essa espera... incansável, interminável, intrigante. se eu estou no shopping sou fútil? o que teria eu de tão especial para não ser? em minhas mãos, manifestos e lapiseira. futuristas, cubistas, expressionistas e grafite 0,7mm. não. comprei-os ao acaso. todos úteis. cadê a moça de vestido petipoá (que não é a mesma coisa em francês) e sandálias irritantes? elle s'est cachée.
enquanto finjo chorar, penso. suspiros. amor, ódio, melancolia. esse tédio. o shopping é um lugar vazio de sentimentos. paredes frias. será que alguém percebe a angústia de não existir? essa indiferença necessária. cinema, bar, cerveja, táxi, beijos. sim. todos de verdade. e necessários. em que ponto eu entreguei meu coração? de papel. desbotado. la vie en rose.