mardi, novembre 30, 2004

EndOScOPia, SoPA e outRos ATEstaDos méDiCoS

noite mal dormida. jejum há doze horas. sono. banho rápido, o chuveiro sempre desliga quando demora. vestir roupa confortável. sair de casa e dar carona para a irmã. congestionamento. reclamações sobre o trânsito de porto alegre. clínica de gastroenterologia. recepção. recepcionista mulata com óculos fashion. recepcionista moreno assoando o nariz de forma escrota. recepcionista grisalho de olhos verdes não entende o meu endereço. para q três recepcionistas, meu deus? enfeites de natal. velhinhas sentadas nas cadeiras estofadas amarelas. cadeira confortável até. pessoas se olhando. constrangimento. médicos circulando. médico bonitão. médico mega alto, muito alto mesmo, muito uó. ângela, maria, ângelamaria, maria ângela, ana karina... comigo, por favor. acompanhantes na sala de espera. tchau, mãe. elevador apertado. segundo andar. ana karina e graça antônia comigo. terceiro andar. sala de espera. recepcionista gatinho. tv, revistas inúteis. turismo. jalapão. quero ir. ana karina? de novo? q saco! adeus, jalapão. o exame é muito simples. anestesia local. sedativo na veia. caninho q vai da boca até o esôfago, passa pelo estômago e vai até a parte superior do... aaaaahhhhhh!!! algumas pessoas ficam semiacordadas. algumas dormem. espero q eu durma. não quero ver isso. assinatura. sala de exame. guarda-pó. deitar de barriga para cima. remédio. spray. médico. tudo bem? tudo bem. enfermeira. coisinha de plástico na boca. estranha estranheza. anestesia na ve...
oi, ana, tudo bem? ...ahn?...hmmm... vamos à sala ao lado. cadeira. sono. chá. sono. bolachinha. sono. elevador. sono. recepção. mãe. tontura. banheiro. vômito. carro. vômito. casa. sono. cama. sono. sono. sonnnn...

"Profundissimamente hipocondríaco
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco."
Augusto dos Anjos

daqui há 8 horas e 30 minutos, farei uma endoscopia. uma endoscopia às 9 horas da manhã. agora são 12 horas e 31 minutos. falta pouco... não consigo pensar em outra coisa q não seja endoscopia... isso está me causando nojo. nojo de endoscopia.

dimanche, novembre 28, 2004

MiX bAzaR e amigos BroNhas

O mix Bazar sempre foi algo q eu gostava mto de ir. Até as patricinhas começarem a invadir e a usarem as coisas q eu gosto. Tipo, td bem usarem, mas o problema é q os outros te confundem, achando q tu tb é monga, aí não dá! Não rola! Hj eu ía no Mix Bazar... Saí de casa, fui no Santander pra ver a exposição do Henry Cartier Bresson (muuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiitoooo boa! ele é o cara!) com o Roger e a Patty e depois fomos no tal do armazém do cais... Caminhamos horrores até q veio o amigo bronha do Roger e convenceu ele de não ir mais... Então, agora em casa, pensando melhor, conclui q uma pessoa q eu NUNCA TINHA VISTO NA VIDA resolveu qual seria o meu programa do final da tarde (ou a falta dele...). Pois é... sou uma besta mesmo... nunca mais deixo os amigos bronhas dos meus amigos bronhas decidirem sobre a minha vida bronha... E bronha mesmo é o Mix Bazar na real...
Ao Roger e ao cara q nunca vi, um pouco de Mario Quintana:
"Há dois tipos de chatos: os propriamente ditose os amigos, que são nossos prediletos."

samedi, novembre 27, 2004

Porque eu não gosto de apresentações...

O meu primeiro dia na escola foi o primeiro dia que me descobri gentil.
Tinha apenas quatro anos. Quase cinco, mas já podia freqüentar o jardim de infância, nível A, como diziam. Vesti o uniforme, peguei a merendeira, coloquei duas chiquinhas no cabelo e saí de casa como se estivesse pronta para o mundo.
Não me lembro se gostei. Só lembro de ter avistado uma moça bem bonitinha e simpática. Era a “tia”. Eliane era o seu nome. Ela era muito gentil. Sorria e cumprimentava a todos como se fossem velhos amigos. Então porque toda aquela choradeira, meu Deus? Havia um menino que já estava começando a me irritar... que escândalo!
Minha mãe segurava minha mão e já estava pronta para me deixar sair debaixo de suas asas. Eu faria novos amiguinhos, dissera-me em casa. Tudo bem, pensei, então eu vou!
A tia foi até a porta, onde estávamos. Seus cabelos dourados brilhavam e seus grandes olhos azuis sorriam para mim. Queria ser como ela, pensei. Gentil, como ela. Perguntou meu nome. Minha mãe respondeu:
-- É Ana Karina.
Ela então falou docemente:
-- Vamos entrar, Aninha?
E eu, de uma forma gentil, respondi:
-- Não gosto que me chamem de Aninha. Meu nome é KA-RI-NA! – e entrei.

Pois é, essa sou eu... Gentil, como ela...