mercredi, novembre 29, 2006

cheirando livros


com o passar do tempo, começamos a descobrir manias estranhas, gostos bizarros e a frequência destes na rotina. instituí muitas manias de velha no meu dia-a-dia. muitas estranhezas e vícios meus. só meus. na verdade, eu sempre achei que são só meus e prefiro continuar achando assim. cada um tem um jeito especial com as suas manias. eu tenho o meu jeito com as minhas...
por exemplo, eu não como carne faz tempo. mas não me assumo vegetariana. quando as pessoas dizem que eu sou vegetariana, eu corrijo: "não! eu só não como carne!". eu realmente acho importante esclarecer pois imagina só se as pessoas pensarem que eu não tomo leite e não como seus derivados?? nunca prepararão coisas deliciosas para mim, como um bolo de chocolate. então, esclareço. sempre. de uma forma tão chata e enfática.
mas essa é a minha mania menos estranha. nem dá para dizer que é uma mania...
outra que considero importante é o fato de eu não comer picolé no inverno. é regra. eu realmente acredito que deveria ser proibido comer picolé no inverno. ah, pára! espera o verão, poxa. vai tomar um chocolate quente. você acha que mora onde, na Bahia? lá sim, se come picolé em todas as estações. pelo menos é o que eu acho.
não saio de casa sem arrumar a cama. nunca. deixar a cama assim, com lençol e coberta embolada, além de feio, é nojento. dá um aspecto de sujeira. é lei. na minha casa, ninguém pode deixar a cama desfeita. e tenho dito. saio sem me pentear, mas não saio sem arrumar a cama.
não pinto a unha do pé com cores escuras. nunca. acho coisa de quem quer aparecer. deixa o pé lá, quieto no canto dele. naquela vidinha sem cor, ou melhor, com pouca cor. meu pé se sente feliz assim. ah, claro, com francesinha pode. mas nem sempre porque enjoa.
meu cabelo sempre é vermelho. pelo menos de 2 em 2 anos. ultimamente ele tem ficado assim. vermelhíssimo. e tudo bem. ele está respeitando as regras dele. ele sempre quis ser vermelho mesmo.
tic-tac é estilo. tiara é coisa de criança. não me pergunte o porquê. apenas aceite.
feijão deve ser comido com arroz. sempre.
internet deve ser usada à noite. de dia não tem graça. e alguém tem que trabalhar, né?
saia deve ser usada com bota no inverno e sandália no verão. com sapato é estranho. talvez um daqueles sapatinhos boneca. mas sei lá. com bota é melhor. olhe-se no espelho antes de sair de casa, caso tenha dúvidas.
homem deve usar camiseta para sair. aquelas camisas largas são estranhas. e me irritam. aquelas polo (ou é pólo??) meu pai usa. mas tudo bem, pai pode. e quando eu falo camiseta, não é camisetas baby look que acho terríveis, aliás. falo de camiseta mesmo.
outra mania é o de fazer listas para tudo. lista de coisas para fazer (e nunca cumprir, óbvio), lista de filmes prediletos, livros interessantes, homens bonitos, comidas que odeio, mulheres irritantes, cabelos feios. wishlists. listas são legais. aliás, essa mania não é só minha.
fotografia deve ser de papel. fotos digitais são interessantes, mas as de papel são mais charmosas. as coloridas são alegres, mas as preto e branco são lindíssimas.
paisagem como a de Laguna não existe. podem até existir outras mais bonitas. mas não é dessas outras que vêm os meus genes.
letras, as minúsculas. não tente compreender. exceção: nomes próprios.
relógio de parede é muito mais sério que o de pulso. não acredito em relógio de pulso. sempre atrasa ou sempre adianta. nunca está correto. e, só para deixar bem claro, pulso foi feito para usar pulseira e não relógio.
câmera no celular é a coisa mais estúpida que inventaram. vai comprar uma câmera digital então! ah, e não esqueça de imprimir as fotos depois, óbvio.
conversas devem ser pessoalmente ou pelo msn. telefone é um saco. e quem trabalha em teleatendimento entende perfeitamente o que eu digo.
e para terminar essa lista de manias, faltou algo muito meu. cheirar livro novo pode parecer estranho, mas é algo necessário. é o melhor cheiro. alguns perfumes me fazem espirrar, mas nunca o perfume de um livro.
adoro cheiro de livro novo! =)

mardi, novembre 21, 2006

(des)controle


se eu pudesse controlar alguma coisa além do pouco controle que possuo da minha identidade, Violet, eu controlaria o tempo. principalmente em relação ao efeito dos remédios e também dos estimuladores. calma! nada relacionado à atividade sexual, mas sim os que me mantém acordada, como o guaraná cerebral, o café e outros venenos necessários a uma estudante desesperada. Sim, Violet, estou cansada. desnorteada. e não sei o porquê, mas você havia tomado conta deste blogui de uma forma tão... você me oprimiu, me empurrou contra a parede!! os meus sentimentos eram os seus, ou era o contrário?? já não sei exatamente até que ponto me domina ou eu lhe domino. alter-ego? dupla personalidade? doença? criatividade? loucura?
somos invisíveis, Violet. sempre seremos. difícil ser diferente, mas muito mais difícil é tentar ser igual.
estou cansada de nos reconstruirmos. nos remendarmos. nos costurarmos.
por que pensam que estou triste? confundem-me com a minha criação? confundem a minha criação com a sua existência? não acreditam em ti, Violet?
quero dormir e não posso. quero estudar e não consigo.
já não entendemos mais nossos pensamentos... você é minha melhor amiga, Violet. sempre foi.
sempre me ensinou, sempre me inspirou.
e sim, estou escrevendo na primeira pessoa.
inicia-se aqui, a primeira salada de frutas literária. e tenho dito.

vendredi, novembre 17, 2006

Lily



às vezes é apenas de um abraço que precisa. o problema é que é invisível, para alguns. Violet nunca gostou de gatos. só de cachorros. e de elefantes, mas esses não podiam dormir no seu quarto.
mas hoje, Violet descobriu os gatos. eles são carinhosos. e eles ronronam um ronrom baixinho. e fecham os olhos quando fazem isso. e é divertido.
os gatos não deixam Violet triste. ela fica por outros motivos. alguns, impublicáveis.

dimanche, novembre 12, 2006

ganhando beijos


e chega o dia que o algodão doce é mais doce. que as nuvens são mais brancas e o céu mais azul. o sol brilha mais nesse dia também. a brisa é tão suave que parece acariciar o rosto de quem caminha pela calçada sem pressa.
chega o dia que o calor não incomoda e que as pessoas não irritam. pelo contrário, servem de inspiração. a fumaça do cigarro não é tão horrível assim e as ruas parecem menos sujas. as bancas de jornal são simpáticas e os telefonemas à tarde também.
o barzinho lotado é agradável. os sorrisos são todos para mim. as gargalhadas são todas minhas. os olhares são todos sinceros. as palavras, todas bonitas. e francesas!
o trabalho não é massacrante. a fila não é demorada. o dinheiro não é pouco. é suficiente. as horas são mais alegres. o par de sapatos é confortável nesse dia.
minha família é mais aconchegante. minhas amizades, fundamentais. minhas idéias, geniais(?).
minhas paixões, menos efêmeras. minhas fotos, menos cinza. meus caminhos, mais coloridos.
meu mundo é mais perfeito.

mercredi, novembre 08, 2006

arrancando os cabelos


as dores nas costas se espalharam pelo resto dos músculos. a voz falhava. a cabeça pesava e os ouvidos zumbiam. parecer normal tornara-se uma tarefa cada vez mais difícil. Violet estava rouca. tremia. suava frio. queria gritar, mas não podia. tomava grandes goles de café e pensava quando tudo aquilo ia terminar.
queria as poesias, os filmes, a música. queria as longas buscas pelas prateleiras empoeiradas das livrarias de livros usados. queria as conversas com os amigos sem pressa de ir embora, as gargalhadas e os comentários maldosos sobre as pessoas da mesa ao lado.
como o tempo demorava para passar. o grande pecado do vegetariano e aquele nome francês que não saía de sua cabeça... sorriso bobo.
após oito horas de cansaço, a lotação torna-se um luxo necessário. Violet dorme no banco e sonha com dias de sol.

o dia de folga é tão esperado...

dimanche, novembre 05, 2006

preparando-se para o temporal


antigamente Violet gostava de tomar banho de chuva. gostava de olhar os pingos correndo pela janela do seu quarto enquanto sentia o cheiro da grama molhada. às vezes escolhia um dos pingos para ser o campeão de uma corrida com os outros pingos. divertia-se com o fato de só ela entender. ria alto, olhava para os lados, tímida, e suspirava. queria correr pela rua, chutar as poças d'água, tomar banho de chuva. sentir os cabelos encharcados pelos ombros, a roupa colada no corpo e a sensação de leveza. Violet gostava de dançar na chuva. e cantar, como naquele filme antigo.
mas o tempo fez a chuva virar uma inimiga de Violet. ela continua achando bela a chuva, mas
hoje ela odeia as nuvens gordas e cinzas. muitos gritos aos ouvidos de Violet. e ela se irrita. muito.
Violet gosta dos dias de sol. mas não muito sol. gosta daqueles dias de restos de picolé de uva no palito.

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"As nuvens são sombrias
As nuvens são sombrias
Mas, nos lados do sul,
Um bocado do céu
É tristemente azul.

Assim, no pensamento,
Sem haver solução,
Há um bocado que lembra
Que existe o coração.

E esse bocado é que é
A verdade que está
A ser beleza eterna
Para além do que há."

Fernando Pessoa