uma noite qualquer

Vincent Van Gogh. Cafe Terrace at Night

Violet já estava acostumada a ser invisível. naquela noite, as pessoas tropeçavam nela mais que de costume. cansada, ficou num canto apenas observando o movimento. gargalhadas. música alta. não entendia porque sempre se comportava daquele jeito, como se caísse de pára-quedas num lugar selvagem.
sempre era a estranha.
quando ele chegou, os olhos de Violet brilharam como nunca. sorriso tímido que ninguém viu. tremia e suava. as frustradas tentativas de se aproximar, de se mostrar, de conversar e de provar ser uma menina interessante eram muitas. ninguém para ajudar.
o sorriso dele e os olhos verdes eram lindos. lindos também os seus braços. e a sua voz.
Violet estava feliz. observava cada passo, cada movimento, cada olhar. ah, se aquele olhar fosse para Violet... uma pequena lágrima lentamente dançava pelo seu rosto.
o abraço era para Violet. o beijo que não aconteceu também era de Violet. a despedida foi de Violet. a invisibilidade era toda de Violet.
ele não a enxergava. nunca.