dimanche, décembre 31, 2006

pulando ondas no Ano Novo

fotografia: Agnes Donnadieu

e os sonhos vêm e vão como as ondas do mar. essa época de promessas, agradecimentos e mil pedidos fazem a melancólica vida de Violet ressurgir como um vulcão. acordou triste. tudo o que pensou no ano passado em relação às insatisfações cotidianas permanecem. sua mente se repete a cada instante.
gostaria de jogar esses pensamentos no lixo, como se tivesse expirado a validade. mas não conseguia. Violet era escrava desses detalhes, dessas bobagens, dessas pequenas neuroses. essas enlouqueciam-na mais e mais, coordenavam ou, ao menos, tentavam. Violet parecia reagir na maioria das vezes, mas hoje, último dia do ano, não conseguiu. Violet entregou-se ao marasmo, ao tédio, ao calor e às tristezas passadas.
e a praia estava longe...
quando fechava os olhos, lembrava do azul do céu e daquele mar imenso, que a presenteava com as mais belas imagens ao pôr-do-sol. Violet suspirava e sentia o cheiro da maresia. ouvia os risisnhos infantis e as conversas de guarda-sol. pessoas... hoje ela as odiava. não queria ver pessoas, apenas o mar. o mar e suas ondas que traziam aquela esperança de dias melhores e outros clichês. envergonhava-se de sentir o mesmo que os outros. Violet não gostava de ser comum e não era. mas hoje, só hoje, compartilhava de tais sentimentos comuns. porque ela queria ser feliz, queria que tudo melhorasse. queria dias lindos, com folhas caindo das árvores. queria chocolate e pipoca salgada. queria capuccino e o inverno voltando. queria o Canadá e principalmente a Grécia...
Violet não queria ser invisível mais. era o desejo para esse ano.

Libellés : , , ,

lundi, décembre 25, 2006

dançando na noite de Natal



fazia tempo que Violet queria ver a Lua. nos últimos dias sentiu que sua vida tomava um outro rumo. Violet havia se anulado. não conversava mais, nem se divertia, não se alimentava direito, não dormia. três semanas que pareciam intermináveis. mas elas terminaram. e tudo voltou a ser como antes. Violet achava que o mundo parecia mais colorido. e alegre.
Violet apaixonava-se novamente pelas flores e pelas borboletas azuis que rebolavam pela brisa da manhã. caminhava ao lado dos canteiros, tentava observar, principalmente os detalhes, como se os seus olhos fotografassem tudo e registrassem num canto do seu cérebro, para lembrar-se de tudo à noite, com carinho. Violet idealizava tudo. sempre.
as músicas no aparelho de som eram mais alegres. músicas novas. dançava pelo quarto. sorria no espelho. Violet não se reconhecia mais. onde foi parar a tristeza que considerava o seu charme?? e o mau humor? estavam todos de férias. Violet assustava-se com essa sua imagem sorridente. normalmente não mostrava os dentes nas fotos.
olhava pela janela o movimento de pessoas indo visitar seus familiares, com presentes e sorrisos no rosto. crianças corriam em volta dos pais pedindo para abrir os pacotes antes da hora. os menores, acreditavam no Papai Noel entalado na chaminé, gordo de presentes e sonhos. Violet lembrava-se da sua infância e da sua ansiedade ao esperar o Papai Noel depois da meia noite. suspirava cheia de melancolia. saiu para caminhar, aproveitando o ar fresco da noite.
Violet buscava a si mesma naquela noite. e conseguiu. dançava ao luar a sua valsa do reencontro...

samedi, décembre 16, 2006

maldades engavetadas



aqueles dias quentes deixavam Violet mal humorada. não que o sol a incomodasse, até gostava, mas as lembranças das aulas de Geografia deixavam-na preocupada. o sol não deveria estar tão distante assim. na verdade ele está muito próximo. bem perto da sua cabeça, Violet pensava. sim, sua mente fervia. seu cérebro borbulhava.
nada mais desejava além de um ventilador gigante, uma rede, um suco gelado e um final de semana sem trabalho. sem barulho. mas seus dias estavam muito distantes desses desejos. eram eternas escadarias, no sol, muito sol. parecia não ter fim.
riscava os dias no calendário pendurado na parede com caneta vermelha. pressionava com tanta força aqueles dias últimos que marcava a folha posterior. ria histericamente ao terminar a tarefa. dormia tão pouco que não sonhava, apenas tentava arrumar posições confortáveis na cama para que a dor nas costas diminuísse. noites mal dormidas.
pensava em R. durante o dia e na falta que sentiria se fosse embora para sempre. Violet sempre queria ir embora e, nessa semana, não foi diferente. aliás, pensava em muitas maldades. Violet sabia exatamente como agir com todos aqueles que foram hipócritas, agressivos ou indiferentes com ela. Violet os transformaria em invisíveis se pudesse. organizava um plano.
Violet não gostava de se sentir enganada. e sempre era. cansara de ser boazinha.
iria vingar-se de todos, como em Carrie, a estranha, queria super poderes.
e o telefone não parava.

Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?
Mario Quintana



Sei que há contas a pagar
E há razões pra terminar
A semana toda ficou para trás
Ela tem trabalhado demais

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Parecia uma princesa
Não se importava com o resto do mundo
E largava os pés em cima da mesa

Como seria melhor
Se não houvesse refrão nenhum
Mas há...

E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Não havia contratempo
Ela segurava o seu coração
E largava as roupas pelo chão

Princesa - Ludov

mercredi, décembre 13, 2006

o sono e outras tímidas vontades


antes, sonhar era um motivo para dormir. agora, dormir é um sonho.
e todas aquelas coisas legais que ela costumava fazer.

jeudi, décembre 07, 2006

final de semestre: desespero.



tenho exatamente TREZE livros para ler nesta semana.
pretendo ler DEZ.
=(

mercredi, décembre 06, 2006

conversa atrás das paredes


- e essa mania que os outros tem de se confundirem, Violet? acham que somos a mesma pessoa!! é tão difícil de compreender??
- ah, danem-se todos!!! - diz Violet - nunca alguém nos entendeu mesmo...

dimanche, décembre 03, 2006

mudança dos ventos

Violet acordou tarde naquele dia. às vezes o sono confundia o relógio e as manhãs ficavam meio perdidas. Violet perdeu-se somente no horário, seu coração estava leve. foi ao banheiro, lavou o rosto, espiou o canto dos olhos à procura de rugas. Violet sentia-se velha às vezes, mas o espelho a surpreendeu. rugas ali não estavam, apenas uma pele clara e macia.
abriu as janelas, deixou o sol entrar no quarto. abriu os armários, queria deixar tudo arejado. tudo com cheiro de novo. para Violet, o cheiro das roupas guardadas traziam um ar melancólico para aquela casa vazia. ela não queria mais ser triste, pensou.
abriu o jornal e leu as más notícias diárias. fechou aquelas páginas com raiva e jogou o jornal no chão. no entanto, pensou em ler algo menos sério, algo mais simples, que não a deixasse pensativa ou irritada. pensou em ler o horóscopo e riu da idéia. imaginar Violet lendo algo tão bobo é até um pouco espantoso. mas leu. e sorriu. e fechou as páginas agora com tranqüilidade. guardou o jornal na cesta de vime ao lado do sofá.
aquele dia seria importante, tinha certeza. Violet pensava até então que seus amigos preocupavam-se tanto com os próprios problemas que não percebiam que ela estava triste. Violet invisível, como sempre. até esse dia, parecia que o destino de Violet era esse, apesar de não acreditar que destino realmente exista. ela não conseguia compreender porque a tristeza havia tomado conta. final de ano sempre é triste, mas neste ano, a tristeza parecia ter se adiantado. já estava em casa há um mês.
não deixava Violet escrever nem se alimentar mais. não lia mais, não escutava músicas, nem as mais melancólicas. Violet não gostava de ser invisível e não sabia como mudar isso tudo.
ela deu-se conta, no entanto, que não deveria ser invisível para si mesma. ou ainda, que R. poderia enxergá-la, caso ela se esforçasse. danem-se os amigos, pensou. depois assustou-se com esse pensamento pois os amigos eram tudo em sua vida. mas estava magoada.
foi até a sacada, ouviu sinos. a brisa beijava serena o rosto de Violet. lembrou-se do dia que conheceu R. e como não deu a mínima importância para aqueles olhos brilhantes e simpáticos que a olhavam. Violet era assim, reclamava que não a enxergavam mas não olhava para os lados. ou para frente.
R. sempre sorriu para Violet. e sempre foi muito gentil também. conversavam, riam, falavam sobre sonhos e lugares que gostariam de conhecer. dias felizes eram esses. pelo menos para Violet. R. fazia parte dos dias e dos pensamentos de Violet há meses. mas ela tinha medo. medo de estar sonhando, de estar confundindo as coisas, de ele não gostar dela, de arriscar novamente. Violet tinha medo de ser feliz. pois sempre havia algo que a impedia de acreditar. "a felicidade não existe" pensava sempre. e realmente, não existia. para ela.
pelo menos até aquele dia. Violet resolveu encontrar a felicidade que tanto falam. senão nela, nas pessoas.
saiu da sacada. tomou banho, escolheu uma roupa bonita e saiu ao encontro de uma vida que nunca teve.
estava decidida.